Poluição zero em 2009

O Rio Douro tem menos focos de poluição. A Câmara do Porto está a despoluir os cursos de água que atravessam o concelho. Até 2009, soluções provisórias vão assegurar a qualidade balnear das praias frequentadas por milhares de pessoas.
Lúcia Pereira

Ontem à tarde, foi aniquilada mais uma fonte de poluição do Rio Tinto, o principal foco de descargas poluentes no Douro a jusante de Crestuma. Pouco passava das 16h, quando os técnicos da empresa municipal Águas do Porto desviaram para a ETAR do Freixo o esgoto transportado pela Ribeira de Cartes, afluente do Tinto. Instantaneamente, a água começou a circular mais límpida. Os trabalhadores da empresa municipal iniciaram, então, a limpeza do curso do rio, retirando as lamas e os detritos nauseabundos que se foram acumulando ao longo dos tempos.
“Com medidas simples, sem gastar muito dinheiro, conseguem-se alterações muito significativas em matéria ambiental”, afirmou o presidente da Águas do Porto, Joaquim Poças Martins, que demonstrou in loco a simplicidade do processo de despoluição das ribeiras do Porto. “Foi reparado um colector com avarias e entupimentos. A ligação à ETAR não estava a funcionar”, explicou, frisando que só fazia sentido limpar o curso do rio, depois deste estar despoluído. Depois de eliminados os maiores poluentes, o trabalho prosseguirá da foz do Rio Tinto para montante, eliminando os focos de poluição casa a casa.
A Ribeira de Cartes era um dos focos poluentes mais significativos do Rio Tinto. A curto prazo, serão realizados procedimentos semelhantes nas ribeiras da Lomba e da Bonjóia, dependendo esta última de autorizações da Refer, já que implica obras nas proximidades da linha-férrea. “No que diz respeito ao Porto, o Rio Tinto estará praticamente isento de poluição visível em 2008”, garantiu Poças Martins, ressalvando que “ainda há um caminho longo a percorrer no que respeita poluição microbiológica, que afecta a qualidade balnear das praias fluviais do Rio Douro”.
Além do Rio Tinto, estão a ser despoluídas e/ou desentubadas as Ribeira da Asprela (junto à Faculdade de Engenharia), a Ribeira da Granja (em Ramalde) e a Ribeira de Aldoar (que atravessa entubada o Parque da Cidade).
O objectivo é “poluição zero até 2009”. Confrontado com o facto dos cursos de água atravessarem vários concelhos, Poças Martins retorquiu que não é necessário combinar actuações, basta que cada município faça o seu trabalho e há a indicação de que todos estão a trabalhar. A limpeza dos afluentes do Rio Douro, sobretudo do Rio Tinto, tem uma importância muito grande, considerando os milhares de pessoas que frequentam as praias fluviais do Douro e do Cabedelo que será ainda mais apetecível com a conclusão do molhe.
Segundo Poças Martins, falta concluir 10 por cento da rede de saneamento. O gestor municipal referiu ainda que a adesão dos munícipes à rede tem sido “muito boa”, até porque “o custo de ligação é muito baixo”. Os trabalhos de saneamento em curso até 2009 estão orçados em 2,46 milhões de euros.

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Trabalho
Com algum atraso
“O Porto está a fazer o que lhe compete com um grande atraso”, afirmou o presidente da Águas do Porto, referindo que o trabalho de despoluição das praias e das ribeiras do Porto poderia ter sido em 2003, a partir do momento em que entrou em funcionamento a ETAR de Sobreiras. “Estamos a fazer uma limpeza profunda, enquanto não fazemos concluímos a rede de saneamento que fica pronta em 2009”, esclareceu Poças Martins, referindo que, até lá, as águas pluviais que transportam esgotos serão levadas até às ETAR para tratamento. “Vamos manter estas decisões temporárias por respeito às pessoas que não têm tempo ou dinheiro para ir a outras praias”, disse.

O Primeiro de Janeiro
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