António Barreto defende que o Estado deve colaborar com produtores e comerciantes
Disciplina e regras fizeram o Douro
A região do Douro foi o mote para a conferência proferida por António Barreto, no âmbito do documentário «As Horas do Douro». O historiador fez uma breve resenha do passado que fez a região, do presente que hoje domina, perspectivando um futuro repleto de novas potencialidades.
Cátia Alves da Silva
“Douro é a região que vive ao ritmo dos seus vinhos e vinhas”, proferiu António Barreto, quarta-feira à noite, aquando da sua conferência denominada «Douro Passado e Presente», realizada no âmbito do projecto do documentário «As Horas do Douro», da sua autoria.
O ex-ministro da Agricultura relembrou o passado e os momentos de “revolta, tristeza, luta e motins” que estiveram na constituição da região duriense, mas sem esquecer o passado e o presente. “Actualmente a especulação desenfreada, o crescimento urbano caótico e o turismo sem regras são factores que afligem o Douro”, proferiu o sociólogo. As carências dos agricultores e a crise económica mundial foram outras questões levantadas por António Barreto e que têm repercussões no “saudável desenvolvimento” da região do Douro. Para o professor universitário só com disciplina e regras se pode manter a região e os seus vinhos: “Sempre foi assim desde a sua criação e é assim que deve continuar a ser”, enfatizou António Barreto salientando que para tal é necessário que haja uma dinâmica entre o Estado, produtores e comerciantes. “Quero que a região do Douro e tudo o que a envolve tenha acesso ao que de mais moderno se faz, no entanto sem esquecer o seu património e o que a torna única no mundo”, exprimiu acrescentando que essa singularidade não faz dela eterna.
Novas soluções, o mesmo Douro
“Tudo no Douro é humano, desde os socalcos, às vinhas até aos caminhos tudo foi feito pelo homem”, disse António Barreto, enquanto discursava. Segundo o orador, as adegas cooperativas, a Casa do Douro e o Instituto dos Vinhos do Douro foram algumas das estruturas criadas pelo homem para poder dar definição do produto do Douro e as suas características. No entanto, António Barreto sublinhou que, actualmente, empresas e lavradores “já fazem muito por si próprios e pouco dependem do Estado ou instituições”.
O ex-ministro da Agricultura referiu, como exemplo do esforço dos empreendedores privados, a manutenção em níveis elevados das exportações, a produção de cada vez maior número de vinhos de mesa de qualidade, o crescimento do número de produtores/engarrafadores, o surgimento de inúmeras casa de turismo rural com “preocupações de preservação do património” e a elevação do Douro a Património da Humanidade.
No entanto, António Barreto destacou igualmente, pela negativa, o elevado grau de concentração do comércio do Vinho do Porto, em que cinco grupos estrangeiros são responsáveis por 80% das quantidades comercializadas.
“O desaparecimento de algumas casas portugueses foi uma perda para o património empresarial português”, considerou António Barreto. Deficiências estruturais em boa parte das cooperativas da região, que leva à “fraqueza dos agricultores”, a situação “periclitante” da Casa do Douro e o “desinteresse das autoridades nacionais”, foram alguns dos aspectos negativos salientados pelo orador. “Mas há no Douro forças novas que podem fortalecer a região”, afirmou o antigo ministro.
O Douro em filme
«As Horas do Douro» da autoria do professor António Barreto, a realizar por Joana Pontes, actualmente a ser produzido por Filmes do Tejo II. Este filme contará a história do Douro, mais propriamente da Região Demarcada dos Vinhos do Douro e do Porto, como se de um “livro de horas” se tratasse: inventário de um ano de vida desta região, terá início no Outono e terminará onde começou, no Outono. “Aqui, as estações do ano são os ciclos da vinha e do vinho. É a vinha duriense que faz bater o pulso da região e deste filme”, disse António Barreto. “Sou filho, neto e bisneto de vinicultores durienses, sempre o Douro foi a minha terra. Soube, desde sempre, que queria escrever, contar e fotografar o Douro”, frisou o sociólogo, reiterando que a, “feitura de um filme era um sonho de há muitos anos”. O documentário deverá estar concluído no próximo ano. A produtora Filmes do Tejo lançou o repto, pedindo a colaboração de todos os que tenham fotografias, filmes, livros, arquivos ou apenas histórias. O contacto pode ser feito pelo telemóvel 919 595 173.
In PJ
03 março 2007
Disciplina e regras fizeram o Douro
Publicada por
br
3/03/2007 10:51:00 da manhã | Os comentários exprimem a opinião dos comentadores independentemente do sexo, da religião, da cor de pele, da cor política, da cor clubista, da nacionalidade, da língua, do 'volume da carteira', com ou sem 'canudo', letrados ou iletrados, bonitos ou feios... | O respeito pelo outro... a lealdade, mesmo na luta com o nosso adversário... o princípio de que a nossa liberdade acaba quando interfere com a de um nosso semelhante... impõe que se pratique a moderação dos comentários sem censura ou corte ideológico!... | O Barco Rabelo | pelorioabaixo@gmail.com | Copyright 2006 - 2010 barcorabelo.net
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário